quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Diálogo Aberto - Por Samuel Alencar

                      AS CHUVAS DE BELÉM




As chuvas de Belém para mim são como lágrimas de emoções, que sempre lavam minha alma e infla meu coração, hoje que a cidade morena comemora seus trezentos e noventa e oito anos de sua fundação, a chuva aqui caiu mais cedo, por volta das quatro horas da madrugada despencou um temporal, alagou algumas ruas, causou enchente nas baixadas, mas encheu mesmo foi de muita emoção e saudade o meu saudosista coração.
             Hoje acordei com a melodia maviosa da chuva caindo nos telhados dos vizinhos com seus pingos intermitentes, pulei da cama e corri para a porta da rua  para ver a chuva açoitando o asfalto que hoje pavimenta a rua onde nasci, porém na época não havia saneamento nas ruas dos subúrbios de Belém; em seguida fui apreciar a chuva no quintal de minha casa, uma pena que não tenha mais aquela frondosa mangueira que abastecia de frutos, além do nosso quintal, os quintais dos dois vizinhos que ladeavam nossa casa ( barraco de pau a pique), onde outrora me deslumbrava vendo os pingos da chuva açoitando as folhas da mangueira e de vez em quando derrubava algumas mangas maduras provocada pela ventania de nosso “inverno amazônico”, embora fosse verão no hemisfério sul. As mangas caídas eram colhidas pela molecada dos três quintais, nós, de casa, as comíamos com muita satisfação, passando a manga na farinha de mandioca dentro de uma cuia “pitinga”, muitas das vezes matávamos nossa fome com aquele alimento que reforçava nosso minguado café da manhã.
            Tive muitas lembranças neste dia: de jogar bola (futebol) na chuva no meio da rua ou no campo do Sacramenta, de brincar de bandeirinha na rua, de mergulhar na enxurrada da vala que a “chuva grossa” produzia, não pegávamos doença, éramos imunizados por Deus, sem sermos vacinados.
            Quanta saudade eu tive hoje de minha infância indigente, quanta saudade dos tempos idos, já faz mais de meio século que corríamos livremente nas ruas do bairro da Sacramenta ( nome derivado do último sacramento), hoje sou um cidadão que podemos dizer possuidor, pois já saí da indigência, mas tenho receio de sair na porta de casa onde nasci e me criei, pois vivemos sobressaltados e não vislumbro uma saída para minguar a violência que campeia na minha rua, no meu bairro e na minha cidade.
            Que pena! Mas ainda assim parabéns Belém das frondosas mangueiras, cidade de pessoas hospitaleiras, pelos seus trezentos e noventa e oito anos de existência. Espere-me nos seus quatrocentos anos.
           
O autor é poeta integrante da ACLA titular da Cadeira Nº 7

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Confraternização com arte, literatura e poesia




 O domingo, 19, durante a manhã e parte da tarde, os acadêmicos e convidados da ACLA festejaram a chegada de mais um ano, com agradecimentos especiais a tudo o que aconteceu de positivo em 2013, tendo as perspectivas para 2014 a continuidade da integração cultural com todos os setores. A confraternização que aconteceu nos espaço de lazer pertencente  a Maçonaria de Capanema, prova que a amizade está fortalecida e todos com pensamentos voltados para o crescimento da Academia de Letras, liderada pela Presidente Madalena Oliveira.

 Nós e nossos convidados, recitamos poesias, lemos fragmentos de histórias, condecoramos artistas capanemenses, apresentamos performance teatral, cantamos, proseamos e nos emocionamos. Em meio a toda essa alegria, também agradecemos a todos os que nos apoiaram em nosso projetos, principalmente na Primeira Semana de Artes que ainda é comentada em verso e prosa. Foram momentos inesquecíveis e as fotos feitas pelo caboco Nirso, revelam nossa união que sincroniza os compromissos que todos temos.  Viva a cultura e que Deus nos proteja nos próximos passos a serem dados pela ACLA. 














terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Dia 07 de Janeiro é o Dia do Leitor!

Uma data feita para comemorar aqueles que gostam de ler e tem, no livro, um grande amigo.

Ler é viajar. Esta frase é bastante conhecida não deixa de ser verdade pois foi (e ainda é) através da leitura que o homem passou a conhecer lugares onde nunca esteve, se remeter ao passado histórico ou criado e até mesmo, projetar o futuro. É importante lembrar que não se nasce leitor , o aprendizado da leitura é um processo infinito de capacitação que é fomentado pelo contato com livros. Pouco a pouco, a prática da leitura nos faz buscar cada vez livros mais complexos, sejam eles literários ou não, o que indica nosso crescimento na capacidade de interpretação e de abstração. Ler nunca é uma atividade passiva. Através da leitura, o leitor identifica e cria lugares, personagens e estórias. Muitas vezes, se projeta no que está lendo.

Mas ler nem sempre é uma tarefa fácil. No Brasil, cerca de 25 milhões de pessoas em idade possível de leitura (acima de 5 anos) ainda são analfabetos.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A face dos artistas e nova fase da cultura

P de Ponto, V de Vista  -  Por Paulo Vasconcellos

As portas se abriram, as janelas firmes e posicionadas mostraram retratos produzidos por mãos que criam, transformando os traços em magníficas produções.  O imaginário fertilizado de quem se dispõe a criar, simplifica estratégias compromissadas com a arte, que representa vértices culturais moldurados que compartilham exemplos a serem seguidos e prestigiados.
Márcia Solange, artista plástica.
Márcia Solange, artista plástica.

O artista solitário mantinha em sigilo sua obra de criação por não se encorajar de mostrá-la em local público ou até mesmo a alguém, se encheu de entusiasmo e se inscreveu para a mostra que fez parte da I Semana de Artes de Capanema, coordenada pela Academia de Letras. O semblante do artista apresentou satisfação e ele sentiu-se libertado por poder usufruir dos momentos em que recebeu elogios de todas as formas.  A arte pediu passagem e esteve presente em vários pontos de referências, visualizada por admiradores que também demonstraram certa timidez, pois ainda não havia acontecido um evento do gênero em Capanema, envolvendo vários segmentos culturais.
Os talentos foram revelados não somente pelos anônimos como também por que já tem vários anos de caminhada participando de exposições, mas ainda não tinha usufruído de uma oportunidade em sua própria cidade. A SEMARC, mexeu literalmente com os artistas a começar pelas obras físicas, passando pela literatura envolvendo Poesias e Contos, consolidando a dança como instrumento de integração social, confirmando que a música tem capacidade de integrar com seus ritmos variados, assegurando que toda arte valoriza seu autor seja qual for a modalidade.
Durante 8 dias a expansão cultural se estabeleceu em Capanema, proporcionada por um planejamento estudado pelo grupo que representa a ACLA, apresentado aos parceiros, colocado em prática e bem aceito pela comunidade que prestigiou todos os eventos inseridos na programação. Os aplausos são múltiplos com merecendência para os atores que se dispuseram a mostrar suas capacidades através da arte em peças construídas criteriosamente para a apreciação popular.
Tudo o que aconteceu durante a SEMARC está edificado através de uma construção firmada em solo fertilizado que envolveu a cultura capanemense, mobilizando seus ativistas que mostraram força individual que se juntou ao talento, pluralizando os atos que configuram projetos que passaram a ser reconhecidos não somente em Capanema como também em outros centros que receberam informações simultâneas através de meios que possibilitaram acompanhamento de tudo o que ocorreu no evento.
A história cultural de Capanema ganha um novo capítulo que será lido e relido para posterior inserção nos anais do setor especializado, por todo o contributo proporcionado pela SEMARC.
A iniciativa da Academia Capanemense de Letras e Artes – ACLA, concerne no compromisso de uma entidade que atua com intenções voltadas para o aprimoramento e o apoio a diversidade cultural marcada pela integração com todos os instrumentos capazes de fortalecer a expansão dos artistas que precisam mostrar suas produções em todos os parâmetros para melhor serventia sintetizada por compromissos multiplicativos. A SEMARC propiciou diversidade cultural e valorização dos artistas, verdadeiros representantes de uma célula que recebe impulsos sempre que mobilizada. (PV)

** Texto dedicado a todos os artistas que participaram da I SEMARC.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Conto vencedor do Concurso Literário da SEMARC

Gilcivan Melo Figueiredo

“Rio de Coca-Cola.”

Hoje faz mais um dia que vejo o nascer do sol em meu lugar, tal fenômeno que não via há muito tempo.
Nasci aqui no meu bom Pará, terra do açaí e tacaca, mas aos quatro anos fui morar na cidade grande, com a agonia do povo na pressa de chegar, fazendo desviar-me de carros em alta velocidade, o ar poluído com a mistura de colônias me perseguiam, assim fazendo sufocar-me de tal maneira que me atracava nas pernas de minha mãe, tentando inutilmente me proteger do alvoroço da cidade grande.
Algum tempo depois, para a minha alegria, mamãe decide voltar para seu lugar de origem. Sorridente ela me via pulando de alegria, pois estava muito animado para conhecer as belezas de minha terra natal, que só conhecia por meus sonhos inanimados, influenciados pelas histórias que mamãe contava de lá. Que era um lugar pacato, de pouca civilização que no ponto mais alto, o vento balançava os cabelos, tendo a visão de campos da magnifica selva, sendo cortada por um rio de águas escuras de Coca-Cola, com uma miragem linda, que se a selva não me mirasse, eu mirava as selvas. Mas tudo isso não passava de imagens dadas há histórias que minha mãe contava. E eu não via a hora de conhecê-las.
Viajamos. Já estávamos na estrada do morro, quando lá de cima avistei a beleza de um lugar, já não via mais nada, só o verde da selva e o colorido da cidade escondida entre os buritizeiros quintal, mas de longe também via uma mancha escura atravessando a cidade, ao me aproximar logo conheci, atravessando a ponte, aquela imagem lambia os meus olhos, parecia que aquele rio tinha vida, a água balançando de um lado ao outro, com a luz do Sol perfurando as águas, dando uma imagem lírica de beleza e conforto aos olhos de quem apreciava tudo aquilo. 
Já não via a hora de mergulhar naquele rio que me fazia esquecer de tudo que me é desagradável da vida.
Ao chegar em casa troquei de roupa e fui para o rio. No caminho parecia que estava voando em direção à terra do Nunca de Peter Pan. Quando cheguei lá, olhei aquele rio de águas vivas me chamando,caí com toda a alegria na águas escuras de Coca-Cola e mergulhava, nadava e brincava jogando água para cima, fazendo chuva que o arco-íris engolia com sua beleza; tudo isso em cima de mim. De momento inesquecível, com uma única certeza, que nunca iria deixar de dar meus banhos coloridos no rio de cor única.
E hoje estou aqui, escorado no corrimão da ponte, vendo o Sol nascer com um brilho incandescente nos olhos.

(Gilcivan Melo Figueiredo) 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Edição especial de Fim de Ano



O ano de 2013 está terminando e o Jornal de Capanema apresenta sua edição composta de matérias que detalham os últimos acontecimentos. A partir deste sábado a edição nº507 vai estar ao alcance dos leitores. Aproveitamos o momento festivo para destinarmos votos de Natal abençoado e cheio de Paz com  recomendações para que todos tenham um ano novo cheio de realizações. 

Leitura Dinâmica - Por Elza Melo




Esse texto é um relato de uma experiência construída a partir de uma ideia dos acadêmicos da Academia Capanemense de Letras e Artes em colocar nas ruas uma manifestação artístico-cultural denominada flash Mob, a qual daria abertura popular da I Semana de Arte de Capanema.
No encontro da ACLA com os artistas capanemenses, recebemos a dançarina e coreógrafa Géssica Lima, que juntamente com seus alunos nos ofereceram apoio em colocar essa ideia nas ruas e de um cidadão capanemense Ozéias Galvão que nos apresentou um grupo de jovens da comunidade de Santa Maria Gorette que nos  trouxeram  uma motivação extraordinária,  tínhamos um mês para ensaiar e motivá-los, foi então que recebemos também a parceria do Grupo de dança ASCOC, nas pessoas dos professores Valmike Reis e Claiton Costa, esse momento seria uma oportunidade em despertar nesses jovens o encanto pela nossa cultura, dança, enfim, apesar da pouca  experiência  dedicaram-se ao máximo, a ACLA recebeu um projeto que descrevia nossas lendas, embaladas por músicas regionais,  sugestão da própria coreografa, baseada nas suas experiências vividas em rodas de carimbo.
Foi preparado um material em forma de ritmo, já que teríamos encenações que falariam das lendas dos curupiras, matintas, botos e Iaras, e também do Carimbó e a dança do boi.
A proposta inicial da coreógrafa Géssica Lima seria o conhecimento prévio da historia e cultura da nossa região e suas manifestações, levar aos participantes e ao público um pouco dessa história e pronunciar o conhecimento de uma dança que relaciona as lendas de um povo, que expressa sua cultura através de seus corpos a ponto de tocar a plateia de uma forma especial, já que a dança se encontra presente em nossas vidas em diversos momentos e de diferentes formas e acima de tudo deixar marcada a abertura da nossa tão sonhada I Semana de Arte de Capanema.
É importante ressaltar que a intenção da ACLA não era a formalidade da abertura de um trabalho e sim despertar a arte e a cultura em toda a população e na sua essência deixá-los envolvidos durante toda a Semana, fazer com que a arte seja valorizada de todas as formas e em todos os lugares, nosso foco era surpreender todas as pessoas que estivessem no centro da cidade naquele momento e isso nós conseguimos.

Com essa apresentação concluímos que se faz necessário resgatar a cultura em nossa cidade, A ACLA sentiu essa resposta, despertar em especial os jovens, envolvê-los na arte, em todas as artes, isso é saudável, eu particularmente tive a oportunidade de conviver um mês com essa turma e através dessa experiência descobri que a dança além de ser uma adaptação agradável de fazer  constrói cidadania resultando em belas apresentações que despertam olhares até mesmo naqueles que não a amam, foi brilhante aqueles 12 minutos, de fato marcaram as nossas  vidas e a historia cultural de nossa cidade.


*A autora é integrante da ACLA, integrante da Cadeira nº 11.