sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Conto vencedor do Concurso Literário da SEMARC

Gilcivan Melo Figueiredo

“Rio de Coca-Cola.”

Hoje faz mais um dia que vejo o nascer do sol em meu lugar, tal fenômeno que não via há muito tempo.
Nasci aqui no meu bom Pará, terra do açaí e tacaca, mas aos quatro anos fui morar na cidade grande, com a agonia do povo na pressa de chegar, fazendo desviar-me de carros em alta velocidade, o ar poluído com a mistura de colônias me perseguiam, assim fazendo sufocar-me de tal maneira que me atracava nas pernas de minha mãe, tentando inutilmente me proteger do alvoroço da cidade grande.
Algum tempo depois, para a minha alegria, mamãe decide voltar para seu lugar de origem. Sorridente ela me via pulando de alegria, pois estava muito animado para conhecer as belezas de minha terra natal, que só conhecia por meus sonhos inanimados, influenciados pelas histórias que mamãe contava de lá. Que era um lugar pacato, de pouca civilização que no ponto mais alto, o vento balançava os cabelos, tendo a visão de campos da magnifica selva, sendo cortada por um rio de águas escuras de Coca-Cola, com uma miragem linda, que se a selva não me mirasse, eu mirava as selvas. Mas tudo isso não passava de imagens dadas há histórias que minha mãe contava. E eu não via a hora de conhecê-las.
Viajamos. Já estávamos na estrada do morro, quando lá de cima avistei a beleza de um lugar, já não via mais nada, só o verde da selva e o colorido da cidade escondida entre os buritizeiros quintal, mas de longe também via uma mancha escura atravessando a cidade, ao me aproximar logo conheci, atravessando a ponte, aquela imagem lambia os meus olhos, parecia que aquele rio tinha vida, a água balançando de um lado ao outro, com a luz do Sol perfurando as águas, dando uma imagem lírica de beleza e conforto aos olhos de quem apreciava tudo aquilo. 
Já não via a hora de mergulhar naquele rio que me fazia esquecer de tudo que me é desagradável da vida.
Ao chegar em casa troquei de roupa e fui para o rio. No caminho parecia que estava voando em direção à terra do Nunca de Peter Pan. Quando cheguei lá, olhei aquele rio de águas vivas me chamando,caí com toda a alegria na águas escuras de Coca-Cola e mergulhava, nadava e brincava jogando água para cima, fazendo chuva que o arco-íris engolia com sua beleza; tudo isso em cima de mim. De momento inesquecível, com uma única certeza, que nunca iria deixar de dar meus banhos coloridos no rio de cor única.
E hoje estou aqui, escorado no corrimão da ponte, vendo o Sol nascer com um brilho incandescente nos olhos.

(Gilcivan Melo Figueiredo) 

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