Gilcivan Melo Figueiredo |
“Rio de Coca-Cola.”
Hoje faz mais um dia que
vejo o nascer do sol em meu lugar, tal fenômeno que não via há muito tempo.
Nasci aqui no meu bom Pará,
terra do açaí e tacaca, mas aos quatro anos fui morar na cidade grande, com a
agonia do povo na pressa de chegar, fazendo desviar-me de carros em alta
velocidade, o ar poluído com a mistura de colônias me perseguiam, assim fazendo
sufocar-me de tal maneira que me atracava nas pernas de minha mãe, tentando
inutilmente me proteger do alvoroço da cidade grande.
Algum tempo depois, para a
minha alegria, mamãe decide voltar para seu lugar de origem. Sorridente ela me
via pulando de alegria, pois estava muito animado para conhecer as belezas de
minha terra natal, que só conhecia por meus sonhos inanimados, influenciados
pelas histórias que mamãe contava de lá. Que era um lugar pacato, de pouca
civilização que no ponto mais alto, o vento balançava os cabelos, tendo a visão
de campos da magnifica selva, sendo cortada por um rio de águas escuras de
Coca-Cola, com uma miragem linda, que se a selva não me mirasse, eu mirava as
selvas. Mas tudo isso não passava de imagens dadas há histórias que minha mãe
contava. E eu não via a hora de conhecê-las.
Viajamos. Já estávamos na
estrada do morro, quando lá de cima avistei a beleza de um lugar, já não via
mais nada, só o verde da selva e o colorido da cidade escondida entre os
buritizeiros quintal, mas de longe também via uma mancha escura atravessando a
cidade, ao me aproximar logo conheci, atravessando a ponte, aquela imagem lambia
os meus olhos, parecia que aquele rio tinha vida, a água balançando de um lado
ao outro, com a luz do Sol perfurando as águas, dando uma imagem lírica de
beleza e conforto aos olhos de quem apreciava tudo aquilo.
Já não via a hora de
mergulhar naquele rio que me fazia esquecer de tudo que me é desagradável da
vida.
Ao chegar em casa troquei de
roupa e fui para o rio. No caminho parecia que estava voando em direção à terra
do Nunca de Peter Pan. Quando cheguei lá, olhei aquele rio de águas vivas me
chamando,caí com toda a alegria na águas escuras de Coca-Cola e mergulhava,
nadava e brincava jogando água para cima, fazendo chuva que o arco-íris engolia
com sua beleza; tudo isso em cima de mim. De momento inesquecível, com uma
única certeza, que nunca iria deixar de dar meus banhos coloridos no rio de cor
única.
E hoje estou aqui, escorado
no corrimão da ponte, vendo o Sol nascer com um brilho incandescente nos olhos.
(Gilcivan Melo Figueiredo)
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