Barão de Capanema: Centro comercial e financeiro
(Primeira parte)
Passadas as comemorações do Centenário, podem ser relacionados alguns pontos que não foram lembrados, mas isso faz parte. Então, levando em consideração a um termo bem antigo que diz: “Recordar é viver”, vou usar a primeira pessoa para descrever a importância que tem a Avenida Barão de Capanema para a nossa cidade, centralizando a história do início da colonização até os dias atuais. No tempo do trem, a estrada de ferro se encarregava de fazer a paisagem ser admirada por todos, pois ao seu redor existiam poucos estabelecimentos comerciais, mas o verde das matas antecipava que ali o solo seria fértil e o sinal do progresso estava por vir. Faço esse preâmbulo, para dar maior conotação a uma série de artigos que vou publicar sobre a Barão de Capanema.
Com o passar do tempo foram surgindo moradores que aportaram em Capanema vindos de regiões longínquas e aqui se estabeleceram, procurando entrosamento com os que já habitavam a promissora Vila que passaria por várias transformações até chegar ao topo de um das melhores cidades da Região Nordeste do Pará.
Outrora chamada Siqueira Campos, a cidade despontava e a Avenida Barão de Capanema tomava posicionamento de Centro comercial com as instalações de tabernas, botecos, quitandas, mercearias, bodegas e até bancas que serviam para os vendeiros e marreteiros comercializarem mercadorias ao gosto de cada freguês. Começava a fase áurea da principal Rua de Capanema por abrigar negociantes de categorias diversas, prenuncio de futuro próspero. O trem continuava contribuindo com o progresso de Capanema por transportar pessoas de diversas regiões que buscavam amplitude nos negócios e observavam o crescimento repentino da cidade que já não tinha só a Barão, mas sim, outras vielas que desenhavam o que seriam travessas, ruas, passagens, alamedas e avenidas num futuro bem próximo.
Aqueles que chegavam tinham a visão progressista e logo procuravam um local para se estabelecerem comercialmente, é claro, os que tinham intenções de atuar nesse setor. Na história do comércio de Capanema, constam nomes de Casas e de comerciantes que marcam a condição do setor ser até hoje o maior empregador. Sendo assim, vou citar alguns que fazem parte da minha lembrança, mas sei que não vou atingir todos, porque são épocas diferentes. O Mercado Municipal Raimundo Neves, cuja especialidade era a comercialização das carnes de gado e suíno, tinha ao seu redor fazendo parte do complexo, pontos comerciais ocupados, por exemplo, pelos saudosos João Costa, Nicodemos Silva, Raimundo Braga e Júlia Miranda. Nas Travessas: Ocidental, Central e Oriental existiam lojas de todas as categorias, muitas delas construídas em madeira e outras em alvenaria. O Bazar Capanema do seu Pompílio a Casa do Gelado do Edmilson Lucena, o Bazar do Povo do Francisco Cavalcante, o Foto Silva do Tide, a Mercearia do seu Experidião Querioz, o Bazar da Dona Paquita, onde existia o serviço de cobertura de botões para roupas femininas, o deposito de bebidas do Raimundo Moreira, a Usina da Sobral Irmãos e a Cantina do Pobre do Carlos Gomes. São memórias buscadas de imediato e de improviso que contribuem com a importância do comércio. Nesse contexto ainda têm os comerciantes que resistem ao tempo e continuam na labuta, como são os casos de Chico Meirelhes, Suéo Komatsu, Pedro Araújo da Loja Brasil e a Casa Oliveira, que começou com seu Alfredo e hoje é gerenciada por seus familiares, sem falar na Radisco que têm sua originalidade baseada na perseverança do camelô Herbert Veríssimo que vendia nas causadas da cidade, rádios, discos e colchões.
Voltando ao tempo, posso registrar também a Casa Pérola da família Costa, Farmácia Amarante, primeiro com Cirilo e depois com Lanor, a Casa Cruzeiro de Lourival Quito, a Casa Costa do seu Zezinho, a Exposição Confecções, a Farmácia do Povo capitaneada por Hugo Travassos, o Cine Pálace, cinema comandado por Waldir Campos, a Estância Nova Amazônia de Edmilson Acácio, a Loja de tecidos de Ally Buchacra, a Sempre Viva, mercearia de dona Dedé, centro comercial do David Araújo, o Hotel Carioca comandado por dona Juliana, o comércio de Abdon Holanda, a relojoaria do seu Zé Nascimento (que funciona até hoje), o Armazém do Elias Abud, o Bar 1° de Maio do Ambrósio Vidal, a taberna da família Ichiara, o Hotel dos Viajantes de dona Ana, o Posto Guajará, antes coordenado pela família Febrone e hoje pelo empresário Bila, o Laboratório de Analises Clínicas do seu Edilson Furtado e outros notáveis comerciantes que têm o reconhecimento por terem gerado empregos e renda para o município. Muitos deles ainda contribuem com divisas, fator primordial para o sustento do comércio como uma das fontes mais fluentes no desenvolvimento da Capanema de ontem, somando-se aos tempos atuais, pois o município de Capanema polariza a região com a influência da economia forte, chamando atenção de mais 16 municípios convergentes.
Tentarei seqüenciar os assuntos pertinentes ao desenvolvimento econômico, social e produtivo de Capanema, sendo que a principal Avenida agrega o coração do comércio e recebe grande fluxo de pessoas vindas dos mais distantes recantos. Aceito sugestões para o enriquecimento desta matéria que tem a finalidade de enaltecer a nossa querida Capanema e a sua desenvoltura emergente. (Paulo Vasconcellos)
*O autor é escritor, poeta, articulista e cronista, Com várias obras publicadas em jornais. É membro da Academia Capanemense de Letras e Artes - ACLA.
Crônica publicada no Jornal de Capanema e no Portal Capanema.
Parabéns pela crônica.
ResponderExcluirÉ muito bom ouvir história. Vivenciá-las, melhor ainda. E muito melhor quando elas se referem diretamente à sua própria história.
Meu nome é Marco Miranda e acompanho, mesmo que de muito longe, o movimento da região de Capanema, pois parte de minha família vem daí. Meu bisavô é o Coronel Cezar Augusto Andrade Pinheiro, ligado diretamente a toda região.
Mais uma vez parabéns.
Atenciosamente,
Marco Miranda