quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

De Verso em Prosa - Poemas e Devaneios

O Poeta Andarilho
Juro por Deus
Que não queria assim
Mas quem sou?
Para querer mudar o destino
Causar tamanha afronta
Cometer tal desatino
Comparar pela desigualdade
Dos seres que se afinam.
Um por devanear
Outro, que a passos de cágado,
Por terra faz seu caminho.
Um, semeia sonhos
Outro cultiva desilusões
Para um, lua cheia é regalo
Para o outro é pura incerteza
No meio da claridão.
Se um colhe rosas
O outro tem espinhos nas mãos
Até a brisa que sopra suave para um
Não é a mesma que para o outro
Varre as cinzas do chão.
Como poeta sou a certeza
Da palavra no verso que se cria.
O andarilho, a palavra vazia no tempo
À sombra das horas
Em que passa ao relento.
Os passos sem direção
Que levam a lugar nenhum
São esperanças sem fim de chegar:
À noite sem frio,
O dia sem vazio
A morte sem dor.
Já que vale a pena viver
O andarilho vive a penar
E o poeta não vive sem escrever.


José Raimundo Vieira, poeta Capanemense integrante da ACLA.

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